
AQUILO QUE DÁ NO CORAÇÃO
Histórias de amor ganham nomes rostos e remetem àquilo que pode aquecer o coração na era do individualismo
Por Betina Scaramussa e Milena Félix
Reverenciado em verso e em prosa. No traçar palavras de poetas e poetisas, escritores e escritoras. Personagem principal de páginas e páginas de capítulos das novelas. Descrito e idealizado pelos evangelistas. Desejado. Perseguido em pontos de ônibus, bares e boates. Aquele que arrebata de ansiedade milhares de jovens nas salas de cinema. Declarado. Oculto. Impossível. Às vezes, platônico. “Arrebatador, Vem de qualquer lugar”, descreve Lenine. De Romeu e Julieta a Rose e Jack. De Eduardo e Mônica. De Paula e Bebeto. Presente em letras de música, filmes e esquinas de casa. A expectativa por trás de cada match nos aplicativos de relacionam.
Sim, estamos falando de amor. E é claro que falar dele é um clássico, afinal, desde os primórdios da humanidade, sempre se desejou amar e alcançar o tão sonhado “ser amado”. A busca pelo amor é uma constante na história de muitas pessoas, cada uma à sua forma e a enfrentar as adversidades que surgem pelo caminho. O amor nunca desapareceu ou foi ignorado nas relações humanas - ele sempre esteve, e ainda parece estar, presente e marcante, forte e cativante: despertando o desejo dos que ainda não o encontraram.
“Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”, canta Roberto Carlos, em um exemplo dessa busca da compreensão desse sentimento, normalmente frustrada. Por outro lado, mostra a preocupação da nossa sociedade com o tema. É sobre esse amor dentro das histórias individuais de cada um, mas também como um fenômeno coletivo, que iremos falar hoje sobre.
Antes de mais nada, porém, precisamos entender porquê, na contramão de tudo isso, no contexto mais recente de sociedade, o amor parece estar em baixa. Ou, pelo menos, é o que os indicadores do amor parecem sugerir. De acordo com dados de registro civil do IBGE em 2017, percebemos uma queda livre no número de casamentos e um aumento significativo no número de divórcios no Brasil. Dados da região Sudeste e de Minas Gerais acompanham, em geral, o quadro. Podemos notar, paralelamente a isso, uma tendência, cada vez maior, a se ficar sozinho ou em relacionamentos não estáveis.
Além disso, o ambiente é hostil. A inconstância, como já dizia Zygmunt Bauman, marca essa era de “amores líquidos”. Ele discorre sobre a fragilidade e a incerteza que os relacionamentos da pós-modernidade estão enfrentando. A comunicação afetiva, de acordo com o autor, está cada vez mais rápida. Os relacionamentos não são formados para durar: é a sociedade das características do aqui e agora. As relações amorosas são imediatas, a velocidade com que se inicia é a mesma com que se termina. O autor utiliza a metáfora do “vaso de cristal”, que se despedaça na primeira queda. De acordo com Bauman, nós não conseguimos superar, entender ou compreender as dificuldades dos relacionamentos e, assim como o objeto, eles se estilhaçam nos primeiros tombos.
O caos acontece, não poupa ninguém…
Pelo ditado, a esperança é a última que morre. Que, mesmo em meio ao caos e à dificuldade, a capacidade de acreditar que as coisas possam voltar - ou começar - a dar certo permanece em todo ser humano, até o final da vida. E o que dizer sobre o amor? Será que até mesmo ele é capaz de desaparecer antes da esperança num mundo fluido como o de hoje.
Podemos supor que esse quadro não reflete, necessariamente, o interior das pessoas em relação ao amor. Grande parte delas ainda “espera”, como vamos ver em seguida, a pessoa amada e acredita em histórias de amor. O amor é um valor da humanidade e não se pode negar a sua permanência de geração em geração ao longo do tempo. A ideia romântica de encontrar alguém com quem as coisas possam fazer sentido, ou mesmo a tão idealizada “alma gêmea” por aí ainda é o desejo de quase todos, e concretizado para alguns.
O texto clássico bíblico já dizia que “o amor tudo espera” (1Cr 13, 7). E, de fato, existem várias histórias que relatam como duas pessoas atravessaram o caos para ficar juntas, ou de como o sentimento resistiu ao tempo e à distância. Histórias como a de Marlei e de Walter, de Lucas e de Gabriela, de Maria e Sinval nos confirmam isso e inspiram a acreditar no amor.

Para os cristãos, o amor é divino. Para os jovens, o amor é rápido e passageiro. Para os mais velhos, o amor ainda são as borboletas no estômago. Para as crianças, o amor está nas pequenas coisas. Mas, na verdade o que é o amor? Desde de quando nascemos, tem como referência pais e avós. Aprende com filmes e desenhos que tipo de relacionamento constitui uma relação duradoura e infinita, e que o para sempre é o final feliz de um casal. Isso realmente é o amor?
A psicóloga Marcionila Rodrigues da Silva, 65, explica que a psicanálise não define esse sentimento, contudo, com a sua experiência profissional, revela que o amor é um afeto que organiza a vida humana. “O amor está na nossa vida, desde do momento da barriga, a gente identifica pessoas que tem essa troca para fazer com a gente e que entram naturalmente em nossas vidas. Entram para acrescentar, somar, fazer planos de vida. O amor entra para acrescentar coisas boas, mas também tem o sofrimento”, alerta.
Quanto às transformações que tensionam as relações amorosas, hoje, a psicóloga esclarece que esse cenário de individualidade promove confusão e pouco afeto entre os casais. “Essa rapidez, o amor descartável é uma coisa que não se recomenda para quem quer ser feliz. Quem quer ser feliz não pode ficar trocando de amor. Temos que ser um pouco mais fieis”. Por outro lado, a psicóloga alerta que é preciso discernimento para se lançar em um novo relacionamento.
Quanto a existência da pessoa certa, a profissional revela que não se sabe se realmente há uma pessoa destinada à outra, mas que, existem indivíduos com quem que não temos que nos relacionar. “Gente egoísta, materialista, individualista, exclusivista, possessiva, essas pessoas só trazem sofrimento. A pessoa certa à quem devemos direcionar os nossos relacionamentos são pessoas equilibradas e que podem realizar uma troca de zelo e respeito”, esclarece.
O AMOR QUE ERA IMPROVÁVEL SE TORNA REAL
Vinícius de Moraes já dizia: “que seja eterno enquanto dure”. As histórias de amor vivenciadas por tantos casais revelam verdadeiros infinitos particulares, que somente eles conseguem explicar. Em cada etapa, o amor se reinventa. A máxima de que a vida é uma eterna caixa de surpresas, com certeza encaixaria nas vidas de Gabriela, Lucas, Maria Dalva e Sinval e Marlei e Walter.
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O início do fim. Lucas estava no banco da igreja vendo Gabriela entrar. Ele foi à festa mas não suportou: voltou para casa. Para ele, estava tudo acabado. Os dois nunca imaginariam que o destino e o amor não seguem os contos de fada. Anos mais tarde, começava uma nova história. Um novo final feliz?
No amor, não existem pontos finais. A história de Lucas Albuquerque (27) e Gabriela Gonçalves (26) poderia estar em um romance ou em um capítulo de novela que o final iria surpreender o público. As histórias de amor em folhetins, filmes e contos de fada terminam na igreja, na cerimônia, ou no final feliz com na saída da igreja. Com Lucas e Gabriela, o final de um casamento assumiu o novo recomeço do casal.
O início foi em 2007. Ele participou de um retiro de jovens católico chamado “Repic”, junto com a irmã e o cunhado de Gabriela. Na época, ele chegou a se interessar pela irmã.
Um ano depois, Lucas foi no pós-encontro desse retiro e Gabriela tinha feito o Repic naquele ano. Já em 2009, Gabriela participava do Ministério Jovem, onde organizaram, próximo a Semana Santa, um cinema carismático. Lá, os dois se viram e conversaram. Lucas afirma que foi ao momento sem nenhum interesse, e que depois desse dia nunca mais se viram, mas que, nesse dia, começou a olhar Gabriela de um modo diferente.
A história do casal não seguiram os “padrões”. Somente em 2012, os dois voltaram a se encontrar. Nesse ano, Gabriela era a coordenadora desse retiro e convidou Lucas para participar da equipe de música. “Ele inventava desculpas para conversar comigo”, ela conta. e “A gente se zoava muito”, afirma Lucas, que brincava com a futura namorada sobre ela andar sempre bem vestida, na moda e usar Iphone. Os dois não sabiam ao certo o que estavam sentindo. No entanto, a partir disso, as vidas dos dois tomaram rumos distintos.
No ano de 2013, um amigo do casal, Glauber, convidou Lucas para participar de um projeto que apoiaria o núcleo jovem também da igreja. Gabriela era do núcleo, e acabou que os dois participaram juntos das mesmas reuniões. Ao mesmo tempo, Gabriela permanecia em um relacionamento que perdurou 10 anos, entre os 13 e 23 anos da jovem. Ela mesmo revela que não era um amor saudável, mas que vivia entre idas e vindas. Apesar das aproximações nos retiros, Lucas revela que estava confuso, pois também estava com outra menina e nunca sabia se Gabriela estava namorando ou não. Porém, nunca a tinha esquecido.
Em uma confraternização, ainda naquele ano, Gabriela, então solteira, esperava que ele fosse aparecer e, quem sabe, os dois teriam uma chance de se acertarem. No entanto, uma amiga do casal contou nessa reunião que Lucas não tinha ido porque estava na casa dos pais de uma menina, a pedindo em namoro para os seus pais. “Aí voltei com meu namorado, e ele logo me pediu em noivado”. A partir daí, a vida dos dois caminharam para longe uma da outra. Lucas foi no casamento de Gabriela. Ele conta que, na noite da cerimônia, chorou de madrugada até o amanhecer.
A partir de então, Lucas continuou com seu namoro e se esforçou para fazê-lo dar certo. Contudo, ele relata que, por mais que se esforçasse, nunca conseguiu gostar de outra moça, senão a Gabriela. Seu relacionamento durou quase três anos.
O casamento de Gabriela não foi como nas histórias de princesa. Ela, como mesmo conta, sofreu muito e desenvolveu depressão, além de ter emagrecido dez quilos, saiu da igreja. Segundo a jovem, era um relacionamento abusivo e muito tóxico.
Na metade do ano de 2016, Gabriela terminou o casamento depois de muitos episódios de muito sofrimento. Meses depois, assinou o divórcio sem ficar com nenhum bem material de seu casamento. Nisso, Lucas tinha acabado o seu namoro também.
No feriado de Corpus Christi de 2016, os dois se encontraram em uma Missa. Havia três anos que eles não se encontravam. A partir daquele ano, quis o destino que os dois tivessem mais uma oportunidade de reescrever essa história. Em um domingo qualquer, Gabriela recebeu um convite de sua amiga Karine para comer fora. Quando estavam comendo, a amiga disse à Gabriela que tinha combinado com Lucas de ir visitá-lo. Nessa semana, ele estava de atestado do trabalho, porque tinha passado mal e estava doente.“Em um domingo, passando mal, dez horas da noite ela apareceu na minha casa”.
Daí em diante, Lucas ofereceu ajuda no processo de separação de Gabriela, porque o desejo dela é anular o casamento perante à igreja. Depois disso, eles ficaram mais próximos e saíram mais vezes juntos. Com a ajuda da amiga Karinne, eles foram ao cinema, e em 12 de setembro de 2016 deram primeiro beijo. No início, Gabriela teve dificuldades com a sua própria família, por serem tradicionais religiosos e também por não aceitarem ela namorar com Lucas. Ela afirma que só depois de um ano e meio a relação foi melhorando diante dos familiares, principalmente sua mãe.
O amor fez Lucas abrir mão de seus princípios religiosos, que antes eram muito convictos: perante a religião, Gabriela ainda é casada e não pode se relacionar com outras pessoas. Lucas foi então conversar com um padre sobre a sua situação e pedir permissão para namorar com Gabriela. Só aí o relacionamento dos dois se engatou.
Apesar de todos os problemas e dúvidas, o casal hoje faz planos e pretende realizar muitas coisas um do lado do outro: conseguir a anulidade, se casar e viajar juntos. Quanto à existência de uma “pessoa certa”, os dois afirmam que existem sim pessoas que foram feitas para ficar juntas para o resto da vida.

Eles revelam que até hoje não acreditam que estão namorando. Gabriela afirma que é muito realizante e ver que estão juntos. Já Lucas diz que tem dias que olha para ela e diz “Nossa, eu namoro você” (Imagem: Acervo pessoal)

Lucas também aconselha os amigos mais novos sobre os relacionamentos. “Eu esperei. Não compensa namorar muito novo. Porque se a gente tivesse começado antes, não iríamos ter maturidade para estar junto hoje. Invista em você primeiro para você ter algo para oferecer no futuro. Seja bom profissional, se qualifique.”. Lucas acredita que “Deus faz, Deus junta”, e Gabriela afirma que foi Deus quem a deu forças para continuar e hoje estar vivendo essa nova fase.
“Eu acho que existe pessoa certa. Acho que têm uma alma gêmea, alguém que vai dividir a vida com você. Ele é o amor da minha vida. O sentimento de parceria, preocupação prevalece.” (Imagem: acervo pessoal)

A distância segundo o mapa ultrapassa os dois mil quilômetros. Mas, para Shakespeare: “A longa distância apenas serve para unir o nosso amor”. Sinval, em busca de um trabalho, foi para o centro do Brasil, Maria Dalva ficou. As cartas rompiam as distâncias física e geográfica.
A saudade sempre fez parte dos relacionamentos. Seja pela distância física e geográfica, o casal a seguir teve que superar a distância entre os estados de Rio Grande do Norte e Goiás. O início dessa história começou em Jucurutu, no Rio Grande do Norte, quando ela tinha apenas 15 anos e ele 22. Os dois namoraram durante 6 meses apenas. Depois desse tempo, Sinval resolveu se mudar para o centro do país em busca de trabalho.
“A gente namorou 6 meses com ele lá. Depois ele foi embora pra Porteirão, em Goiás, para trabalhar. A gente ficou mandando cartinha, correspondência pelo correio. Ele me mandou umas seis cartas e eu mandava de volta as respostas”, lembra. Os dois haviam combinado que após um ano de trabalho de Sinval, ele voltaria para que pudessem se casar.
É então, a partir daí, que começam todos os percalços que as histórias de amor envolvem. Sinval foi morar em outra fazenda e, nesse local, as cartas demoravam para chegar. Maria Dalva ficou seis meses sem ter notícias no namorado. Depois disso, mandou uma carta dizendo que estava terminando o relacionamento. Ele quando recebeu não conseguia ler, e pediu para um colega ler. Os amigos dizem que Sinval xingou e ficou muito nervoso.
A distância permaneceu. Ela no Nordeste, e ele no Centro-Oeste. Mesmo a quilômetros de distância, Maria Dalva não conseguia esquecer o que sentia pelo seu primeiro namorado. Ela durante esse tempo arrumou um namorado de mentira, como ela mesmo relata, não gostava de verdade dele.
Maria Dalva tinha um confidente, um tio que escutava suas histórias e lamentações. “Tudo o que acontecia na minha vida eu contava pra ele, eu falava ‘Tião, eu não me caso com ninguém enquanto eu não souber que Sinval é casado’. E aí ele ria e falava que o Sinval nunca mais ia pisar lá.”
O tio estava errado. Depois de seis anos, Sinval retornou às suas origens e encontrou Maria Dalva. “Corri para vê-lo assim que soube de seu regresso. Na mesma noite, ele foi até a casa dos meus pais e reatamos o namoro. Depois de apenas um mês, nos casamos”.
“O nosso casamento foi tipo um casamento surpresa, ninguém sabia, porque a gente casou no civil, assinou a papelada, só os padrinhos, nossos pais e nós. As minhas colegas falavam ‘Não Maria Dalva, eu não acredito que você casou. Com quem?’ eu dizia que era com o Sinval e elas ficavam passadas e não acreditavam, porque elas sabiam que eu falava que não me casava sem saber antes que ele tinha casado”, recorda.
Quanto ao amor, ela afirma: “Amor pra mim é cumplicidade. Você se dar bem com seu marido em qualquer circunstância da vida. É a compreensão e a gente confiar um no outro, não ter desconfiança. Eu nunca tive desconfiança dele. E ele sempre foi um bom pai, e até hoje um bom marido. É a partir daí, da convivência. Se a gente ama, os dois vão se entender em tudo o que for fazer. Quando eu me casei, por a gente ter passado 6 anos sem se ver, eu achei que a gente poderia não se dar bem. Mas desde o momento em que a gente se casou e foi morar junto, no outro dia em diante eu já sabia que a gente ia dar certo, porque tudo o que acontecia na nossa vida, a gente combinava um com o outro, até hoje a gente combina, graças a Deus.”
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Um bairro: o Saraiva. Marlei e Walter se encontram na rua. Amor à primeira vista? Eles tiveram que ir se conhecendo melhor para enfrentar cada dificuldade juntos. Dos problemas de saúde, até os familiares. E lá se vão mais de trinta anos lado a lado.
“Garrafa, ela me chama assim, acredita?” É assim que o Walter Luiz Ramos, 59, e Marlei Parreira Landim Ramos, 57, inicia a conversa no sofá de casa. Juntos há mais de 30 anos, o casal acredita no amor e conta o que já superaram por meio desse sentimento.
Tudo começou quando Walter mudou-se para o Saraiva, onde moram até hoje. Ele saiu de bicicleta em uma tarde para conhecer as ruas perto de casa, e se deparou com Marlei e umas amigas, que coincidentemente estavam no ponto esperando por um outro rapaz que ela estava gostando.
A partir daí, saíram mais vezes e foram apresentados por amigos também. “A gente foi conversando, se conhecendo melhor. A mãe dela era um pouco brava, eles acharam que eu iria ‘fugir da raia’. Um dia quando estávamos namorando, a mãe dela chegou [de surpresa], e Marlei falou que eu era só uma amigo. Então eu disse: ‘um amigo que quer namorar’. Todo mundo ficou abismado, achou que não ia ter coragem. A partir disso, o carinho e o amor foi aumentando. Eu tinha 16 e ela tinha 14 nessa época.”
O namoro, que se iniciou na juventude, hoje dá seus frutos: três filhos e três netos. O casal conta que os dois já passaram por muitas dificuldades, mas que conseguiram superá-las juntos. Um dos maiores problemas do casal sempre foi a saúde de Marlei. Segundo Walter, ela chegou a pesar mais de 100 quilos mesmo antes de casar. Ele relata que os amigos e as pessoas próximas o aconselharam a dizer que só se casaria com ela se emagrecesse. “Eu sempre respondia isso: ‘gente eu não tô casando com o corpo dela, estou casando com a pessoa dela. Eu a amo. Gorda ou magra, vou casar com ela do mesmo jeito.”



“‘Eu sou gorda, o que você viu em mim?’ Ela me perguntava. Eu falava ‘o seu coração’. Não tem uma pessoa que não simpatiza com ela. A gente pode contar com ela pra tudo, é a minha companheira” O casal uberlandense teve sete anos de namoro e um ano de noivado, antes de se casarem no dia 7 de janeiro de 1984 (Imagem: Acervo pessoal)
Além disso, o casal revela outros problemas de saúde ao longo de sua história juntos. Quando a filha mais velha tinha apenas oito meses de idade, Marlei descobriu um câncer no pâncreas. Passou meses internada em estado muito grave, tinha poucas chances de sobreviver. Segundo Walter, na semana em que sua esposa foi liberada do hospital, um amigo íntimo havia acabado de morrer com o exato mesmo problema e que, nesse momento, teve medo.
Para eles, que já passaram por tanto, sua história é um exemplo de companheirismo. Eles fazem tudo juntos, desde o futebol até trabalhar. Contam que quando um deles tem algum trabalho fora, o outro vai para poder acompanhar e ficar perto.
Questionados por como terem um relacionamento duradouro e saudável, o casal afirma que respeito e confiança são fundamentais.
Walter e Marlei são conhecidos por serem um casal de luz. Ao serem perguntados sobre isso, Marlei revela que quando vê a relação de amigas em seus casamentos, percebe o quanto a relação que ela possui com Walter é diferente.“Quando eu vou conversar com as amigas, percebo como são os casais; não têm convivências agradáveis”. Ela afirma que o casal deve ser parceiro, se ajudar e que o amor é uma construção.

De Drummond, o romance na praça, o cupido e as festas se encaixam com os relacionamentos de hoje? O amor se reinventa a cada época. Os aplicativos de relacionamento estão reformulando as novas relações. Se antes, o parceiro (a) precisava de algum motivo para não querer namorar, hoje é no sim ou não. No mundo virtual, os aplicativos que marcam encontros entre desconhecidos estão cada vez mais presentes. Tinder, Badoo e redes sociais são alguns dos exemplos de redes de relacionamentos virtuais. Ou seja, a busca por um parceiro nem sempre precisa estar ao seu lado.
Aplicativos de relacionamento promovem a união de pessoas que não querem sair de casa para encontrar um parceiro. Essas mídias estão presentes em mais de 190 países e atuam como cupidos virtuais e vêm transformando os encontros, antes à moda antiga, agora chats de telas virtuais.
A dentista Rayane Navarro, 25 anos, e o empresário Guilherme Scaramussa, 28 anos, são prova disso. Os dois se conheceram pelo Instagram e estão juntos a um ano. O casal conta que no primeiro encontro houve insegurança de ambas as partes. “Ele me achava patricinha e eu fiquei com receio por ser uma pessoa desconhecida”.
Guilherme estava em seu feed quando viu o perfil da namorada em sugestões para seguir. Ele seguiu e, a partir daí, conversaram, começaram a se conhecer e desde então nunca mais se separaram.

O casal revela que na Internet é difícil se relacionar, pois não se consegue expressar as emoções da mesma forma que pessoalmente (Imagem: Acervo pessoal)
Um dos maiores aplicativos de relacionamentos no mundo, o Tinder, é responsável por mais de 26 milhões de “matches” diários, de acordo com dados da pesquisa “Mitos dos Relacionamentos Modernos”.
“Oi, moço do sorriso bonito”. Foi assim que a estudante Mariana Dias, 23 anos, mandou a primeira mensagem para o namorado Caio Tonus, 25 anos. O casal revela que é complicado se relacionar por meio da Internet, devido à ausência do saber do que a outra pessoa está sentindo. Mariana conta que eles demoraram cerca de três semanas para terem o primeiro encontro. Ela revela que instalou o aplicativo não somente para encontrar alguém, mas também para ter novas amizades. Ele diz que tinha acabado de sair de outro relacionamento, e um amigo, indicou esse aplicativo. Os dois estão juntos há mais de dois anos.

Os dois estão juntos há dois anos e quatro meses oficialmente (Imagem: Acervo pessoal)
Mariana conta que não tem como ter a certeza da segurança ao se relacionar nas mídias digitais, Caio cita os perfis falsos como exemplo. Mas, graças ao acaso, o caso dos dois foi assertivo e o relacionamento continua firme.
O Badoo foi responsável pelo namoro de Giovanna Rodrigues, 20, e Bruno Henrique Silva, 24. Ela conta que foi incentivada por uma amiga a conhecer novas pessoas, por isso baixou o aplicativo. O início da história foi com Bruno que achou o perfil dela e a mandou uma mensagem. Depois disso, passaram a conversar e marcaram o primeiro encontro.
“A gente saiu, tomou um sorvete, foi na praça e batemos um papo. Foi ótimo poder ver que a pessoa com quem eu trocava mensagem era a mesma pessoalmente”, relata Giovanna. O casal diz que a aparência e o estilo de vida de cada um chamou a atenção. Ela conta que a Internet oferece uma segurança para iniciar a primeira conversa. O aplicativo ajudou a não ficar tímida.

O casal que se conheceu pelo Badoo está junto há 3 anos e 5 meses (Imagem: Acervo pessoal)
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