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O UBERLÂNDIA DE ONTEM E HOJE: MEMÓRIAS, HISTÓRIAS E PRESENTE 

35 anos depois da Taça de Prata, a maior conquista do Uberlândia Esporte Clube, o time alcança o acesso para o Módulo I do Campeonato Mineiro.

A história contada por três universitários.

Trinta e cinco anos. Foram esses os anos que dividiram duas glórias de um mesmo clube, que apesar de caracterizarem fases distintas, sintetizam bem a história do clube, a de um Uberlândia grande e brigador.

 

Se encantar pelo time do Uberlândia é fácil, difícil é dissecar sua história. Até mesmo quando se trata do maior momento do clube, a conquista da Taça de Prata. Buscar fatos sobre essa conquista é um desafio: são poucos vídeos, informações que às vezes não “batem”, mas reviver histórias para poder contá-las é uma motivação para quem é apaixonado pelo esporte… e é isso que nos move.

Foram os dias mais importantes da história do Uberlândia, 28 de março e 1º de abril de 1984. Em campo, o time enfrentou, por 180 minutos, o Clube do Remo, que disputava sua segunda final de Série B e contava com o artilheiro da edição daquele ano - e também maior goleador da história do Remo -, o atacante Dadinho. 

 

Nos primeiros 90 minutos o Verdão disputou, em casa, cada pedaço do campo com o rival, e após jogo truncado viu seu gol ser anotado no último instante da partida. 

 

Já nos últimos 90 minutos, em Belém, contou com atuação heróica de sua defesa para levantar sua mais importante taça. Foi a história mais bonita do interior das Minas Gerais.

 

Foram os dois jogos que mudariam para sempre a história do clube.

35 ANOS DEPOIS 

Dessa vez em 2019, uma semifinal, também em duas datas: dia 29 de abril e 05 de maio. O Uberlândia via seu objetivo de voltar à elite do futebol mineiro escapar por suas mãos em derrota para o Serranense. Mas foi na segunda partida, em 5 de maio, que o time após imponente atuação devolveu o UEC para onde ele costuma estar.

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Um elenco que, além de jovem, carregou na pré-temporada o peso de ter que dar a volta por cima após o melancólico ano de 2018, quando foi rebaixado no Módulo I do Campeonato Mineiro e por pouco não alcançou o acesso à Série C do Brasileirão. A desconfiança da torcida e da imprensa era grande, e os desafios foram muitos.

 

Após somar apenas um ponto nas duas primeiras rodadas do campeonato, o elenco dirigido por Ademir Fonseca engatou quatro vitórias e a vice-liderança do campeonato. O jogo já tinha virado, e a desconfiança se tornou esperança. Mas os desafios só estavam começando.

 

O técnico sofreu um infarto logo após a vitória do Uberlândia sobre o Serranense, ainda na 6ª rodada do campeonato, e o clima voltou a ser de apreensão. O que esperar da equipe sem seu comandante? 

 

Conversamos com o jornalista uberlandense Luis Lara, em formato podcast, e ele comentou o caso da seguinte maneira:

 

 

Foi quando seu filho, Winnicius Marquezine, assumiu o papel de técnico interino e seguiu o bom trabalho: foram mais três vitórias em cinco rodadas, e a manutenção da vice-liderança e classificação para a semifinal do torneio, que poderia garantir o acesso do Verdão.

Acompanhar o Uberlândia em 2019 foi um pouco diferente. Havia tempo que o Verdão não fazia campanha tão tranquila e sólida em qualquer campeonato, algo que o torcedor recente nunca tinha visto, e que o torcedor de longa data já tinha se desacostumado.

 

O século XXI chegou com diversas mudanças no planeta: a globalização foi facilitada pelos avanços da informática e dispositivos tecnológicos inovadores que mudaram a complexidade e interatividade das pessoas por todo o mundo. E isso tudo também mudou o jeito de se fazer futebol: antigamente era difícil, senão impossível, alimentar um sentimento por equipes de fora de seu estado, e até de sua cidade. Podemos ver que hoje, o Uberlândia é prejudicado por grandes clubes de outros estados, que cativam a população uberlandense e afastam a população do clube. E ainda nessa linha, é possível observar que o Verdão não soube aproveitar o melhor momento de sua história, as décadas de 60 e 90, para preparar e estruturar o clube para o futuro, além de nunca ter conseguido se comunicar com sua própria torcida, em sua própria cidade.

 

Mas se no passado o Verdão cometeu seus erros fora de campo, dentro dele, viveu seus tempos áureos: O Campeonato Mineiro foi disputado pela primeira vez em 1933, mas esse formato foi colocado de lado até o ano de 1958, que foi quando o esse modelo foi retomado. O Uberlândia estreou na competição apenas no ano de 1963, e foram 34 anos ininterruptos na elite do futebol estadual, até que em 1997 o clube conheceu seu primeiro rebaixamento. Nesse período, o Verdão também participou por quatro vezes a primeira divisão do futebol nacional e seis vezes a segunda divisão, além de outras quatro na Série C (além de outras quatro depois do ano de 1997).

 

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Um dos craques daquele time de 84 era Maurinho, o camisa 10 da equipe. O ex-jogador vive em Uberlândia até hoje e é considerado para muitos uma lenda viva. Nascido no bairro Tubalina, hoje mora no bairro Roosevelt com sua família. Na época da conquista, Maurinho era um dos mais novos do time, tinha apenas 22 anos, mas mesmo assim, era um dos jogadores com  mais experiência com a camisa do Verdão e desde sempre soube o que é vestir essa camisa. Maurinho nos contou algumas histórias daquela conquista:

 

 

 

 

 

 

Apesar da sua história com a camisa do Uberlândia, o ex camisa 10 não tem muito contato com o clube e não acompanhou o acesso para o Módulo I do Mineiro de 2020, muito pelo sentimento de que o clube não valoriza sua história e seus ídolos como deveria:

 

 

 

 

DESTRINCHANDO A CAMPANHA DE 1984

 

No início do ano de 1984, a CBF convidou novamente o Uberlândia para disputar a Taça de Prata, torneio de segundo escalão do futebol profissional do Brasil. A primeira participação do Uberlândia foi em 1980, quando a equipe alcançou a 12ª colocação geral entre os 64 participantes.

 

O time do Uberlândia, após conquistar a vaga para disputar a Taça de Prata de 1984 em um classificatória estadual em formato de mata-mata, inicialmente, não se animou em participar da competição. A diretoria do Verdão, presidida por Pietro Carlos Paladini, acreditava que a competição não seria rentável por causa das distâncias continentais que seriam necessárias para disputar algumas das partidas. Mas apesar disso, foi acertada a participação da equipe pela visibilidade e também para não ficar no ócio esportivo, pois o Campeonato Mineiro seria disputado apenas no segundo semestre do ano. 

 

Desde a primeira fase do torneio até a grande final, foram cinco fases, todas disputadas em 2 jogos em disputa simples: em caso de empate do placar agregado, a disputa iria para os pênaltis.

 

O primeiro desafio do Verdão foi o Nacional-GO. O primeiro jogo terminou 3-0 para o UEC, que foi derrotado por 2-1 na partida de volta, mas se classificou pelo placar agregado.

 

Já na segunda fase, o Uberlândia teria outra equipe verde pela frente, o tradicional Guarani, que contava com jogadores como Neto, Wilson Gottardo e Cocada.

 

No Parque do Sabiá, o jogo terminou sem gols. O empate em casa fazia parecer improvável uma vitória e classificação no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Mas a equipe do Uberlândia superou o Bugre com gol do atacante Zé Carlos, aos 35 minutos do primeiro tempo.

 

 

 

 

 

Após despachar a equipe do Itumbiara, com placar agregado de 3-2, o Verdão das Minas Gerais partia para sua primeira jornada fora da região sudeste: enfrentou o tradicional Botafogo da Paraíba. E não tomou conhecimento da equipe nordestina, aplicou um retumbante quatro a zero no Parque do Sabiá e tranquilamente venceu o Belo em seu estádio, o Almeidão, pelo placar de dois a zero.

 

“Aí passamos para a fase do Nordeste, com grandes clubes, grandes times. Era muito difícil ganhar ganhar desses clubes. Eu lembro muito bem o nosso jogo contra o Botafogo, nós vencemos por 4-0 lá na Paraíba. Eu fiz dois gols, e os outros foram do (Geraldo) Touro e do Zé Carlos. Assim, resumindo, eu acho que dificilmente o Uberlândia vai montar uma equipe igual montou em 84”, declarou Maurinho.

 

E por fim, Uberlândia e Remo se enfrentaram. 

 

 

E após a confusão, dois jogadores do UEC foram detidos e impedidos de pegar o vôo para a cidade de Brasília, onde já estavam vários torcedores do Verdão em ônibus e carros, que acompanharam a delegação do time até a cidade de Uberlândia.

 

Chegando na cidade, os jogadores subiram em um carro de bombeiros e iniciaram a carreata até os arredores do Estádio Juca Ribeiro, antiga casa do clube, e a festa perdurou por dias. É até hoje a maior conquista de um clube do interior de Minas Gerais. 

 

E foi esse o maior momento, a maior conquista, e principal memória do Uberlândia Esporte. Momentos que não estão bem conservados em vídeos, jornais, súmulas e fotos, mas que seguem sendo vívidos na mente de quem os testemunhou e mágico na imaginação de quem apenas ouviu, leu ou fantasiou essa grande história. Foi há 35 anos.

 

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O ACESSO

 

Após garantida a vaga na semifinal do Módulo II, o Uberlândia tinha pela frente o Serranense, terceira melhor equipe da fase classificatória. O primeiro jogo seria no campo rival, em Nova Serrana.

 

Durante a primeira fase, ocorreu o primeiro encontro das duas equipes na competição. O jogo terminou em 3-0 para o Verdão, com um gol de Aslen e dois de Leonardo, foi um verdadeiro passeio da equipe do Triângulo. A expectativa para a primeira partida do mata-mata era boa entre jogadores, imprensa, e principalmente torcedores.

 

Entretanto, o Uberlândia encontrou na Arena do Calçado uma equipe extremamente ofensiva e aguda: com cinco minutos de partida o Verdão já havia sofrido um gol e uma bola na trave, e foi assim durante o jogo inteiro. Ademir Fonseca, que já havia voltado a acompanhar o jogo junto de sua comissão técnica, revelou que “Pediu a Deus” para que o jogo acabasse. Apesar de sofrer muito, o UEC se segurou e foi derrotado por apenas 1-0.

 

Na volta, os ânimos da torcida estavam abalados, mas as expectativas continuavam altas. Por ter melhor campanha, o Uberlândia garantiria acesso até com empate no placar agregado, ou seja, bastava devolver o placar.

 

Mas não foi tão simples assim, o primeiro tempo foi bastante pegado e a defesa do Serranense se fazia intransponível, além da equipe aurinegra ter maior posse de bola e dificultar a criatividade do meio-campo do Verdão. A torcida estava tensa.

 

Entretanto, o futebol nos mostrou mais uma vez que é feito de surpresas e presenteou o Verdão com um artilheiro improvável: Adriano Fonseca, zagueiro, prata da casa do Uberlândia.

 

Aos nove minutos do segundo tempo, anotou um gol de cabeça após lindo cruzamento do volante Luiz Alexandre, já era o gol do acesso. Mas o brilho foi além, aos treze minutos Adriano anota seu segundo gol após belíssima jogada individual e incendeia o estádio Parque do Sabiá. Foram seus primeiros gols com a camisa do Verdão.

 

O clima já era de festa, e a equipe do Serranense estava entregue. Os uberlandenses trocavam passes com tranquilidade e driblavam com absoluta facilidade, a atmosfera do estádio era mágica.

 

Foi quando Jhulliam, artilheiro do Uberlândia - e do campeonato -, anotou o gol final, e fez a alegria de toda uma torcida.

A vitória de três a zero em pleno Parque do Sabiá foi motivo de comoção e festa para a cidade de Uberlândia. Foi a primeira vez que o time conquistou o acesso logo após o ano de rebaixamento.

 

Será a 45ª temporada do Uberlândia na elite do futebol mineiro.

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